Primeiro, é importante saber que os lagartos e as lagartixas se desfazem da cauda por vontade própria. Não se trata de nenhuma crise masoquista de autoflagelação e, sim, de uma estratégia espertíssima que ajuda o bicho a salvar a vida. Quando perseguido, ele corta um pedaço do próprio rabo, que continua se movimentando por um tempo, o suficiente para distrair o predador e ele poder fugir. "É melhor perder a cauda que a vida", afirma o biólogo Fábio Molina, chefe do Setor de Répteis da Fundação Parque Zoológico, de São Paulo, SP. Essa autotomia (mutilação espontânea) acontece graças à contração dos músculos do rabo em pontos de fratura, onde as articulações entre as vértebras são mais frouxas. Nesses locais, todos os tecidos - vasos, músculos, nervos etc. - são mais facilmente desconectados. Depois, a cauda será regenerada, porém, nunca mais será a mesma. O novo rabo será menor, mais grosso ou torto.
A parte óssea também não se recupera. "Na parte da cauda que se regenera, as vértebras são substituídas por um bastão de cartilagem sem planos de fratura. Isso significa que novas autotomias só poderão ocorrer em pontos anteriores ao início da cauda regenerada", diz Fábio. O tempo de regeneração depende do metabolismo do animal e até da estação do ano - no verão, a nova cauda nasce mais rápido -, mas, em média, leva três semanas. A energia gasta para a regeneração do rabo tem um alto preço: indivíduos jovens crescem mais demoradamente e fêmeas em fase reprodutiva produzem menos ovos.
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